domingo, 2 de novembro de 2008

O Mundo da Música

A música sempre foi uma forma de expressão da sociedade, ela já demonstrou os sentimentos mais profundos do homem, como: o amor, a raiva, e o desejo de mudança. Hoje com a industrialização da música, por vezes, as intenções das bandas se tornam secundárias perante a ação das gravadoras, como afirma o rapper Filipe Mixirica. “Para mim gravadora não precisaria existir cada um lança o seu som e já era. Pois com essa história de direitos autorais, o som não é mais teu e sim da gravadora. Eles podem fazer a tua música ser ouvida por um milhão de pessoas, mas tu não ganha realmente por isso, e nem as pessoas que estão ouvindo,”


A História da Música


Meninas da banda Acústico Hashi
A música dos anos sessenta e setenta, representavam uma nova visão da juventude. A população cansada de guerras queria simplesmente ser livre e respeitada. Era a geração "paz e amor" que mostrava a sua cara. Canções como “Revolution” e “Imagine” dos Beatles, representavam a esperança do povo em dias melhores. “Você diz que quer uma evolução. Bem você sabe todos nós queremos mudar o mundo. Mas quando você fala em destruição você já sabe que não pode contar comigo.” ( Trecho de Revolution “Os Beatlhes"). No Brasil a Jovem Guarda se destacou, principalmente na figura de Roberto Carlos, “Além do Horizonte” é o espelho da sociedade que desejava fugir da realidade da época. “Além do horizonte existe um lugar, bonito e tranqüilo para a gente se amar” (Trecho da música, Além do Horizonte, Roberto Carlos). Chico Buarque de Holanda, também embalou os brasileiros com canções como “A Banda” e “Construção” as quais questionavam a sociedade de uma maneira camuflada e divertida para driblar a censura imposta pelo governo ditatorial.
Legião Urbana, Capital Inicial, Titãs, Paralamas do Sucesso, Rita Lee Cássia Heller, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii entre outros representaram o rock brasileiro dos anos oitenta e noventa. Os “filhos da revolução” agora desejam verbalizar todas as críticas sociais sufocadas pelo período ditatorial. Canções como “Que País é Esse?” (Legião Urbana), Fátima (Capital Inicial), “Favela da Maré” (Paralamas do Sucesso), ou “A Burguesia Fede” (Barão Vermelho), retratam uma sociedade revolucionária sedenta por mudanças. “Nos anos oitenta o rock evolui muito, surgiram o punk e outras performances para expressar o descontentamento dos jovens inclusive com a tecnologia." Afirma ex-integrante da banda Engenheiros do Hawaii Augusto.


Augusto licks, músico
O rock atualmente não é tão questionador como o mostrado nas décadas anteriores, mas ele também desempenha um papel importante na sociedade, como ressalta a vocalista da Banda Acústico Hashi Thábata Brando,“O povo brasileiro hoje, prefere fazer músicas do bem ao invés de impor alguma coisa. O jeito que talvez mude é expressar na tua letra a situação atual e expressar nas tuas atitudes. Mas fazer por ti, não tentar mudar a atitude do outro.”




RAP: UMA NOVA FORMA DE REVOLUÇÃO


Filipe Mexirica, rapper
Em um mundo cercado pelo individualismo e as desigualdades sociais surge o rap, um estilo de música que apesar de envolver os quatro elementos, break, skate, basquete e grafite, pode ser feito sozinho. “Para fazer um rap tu não precisa de quase nada, é só ter um papel, uma caneta e uma idéia” diz o rapper Filipe Mixirica, e completa, “as letras do rap são principalmente críticas sociais porque é a realidade de quem faz, realidade de pobreza e miséria. Mas não é isso tem muito mais coisa.”
Marginalizado pela mídia e excluído pelo sistema, o rap mostra que é possível desenvolver um trabalho de qualidade sem o auxílio das gravadoras, como ressalta Mixirica. “Se tu não pagar jabá tu não consegue tocar no rádio. Por isso tem muita gente boa que não aparece na mídia Na música alternativa é diferente só toca quem sabe mesmo.”


Como burlar o Sistema


Desenvolver um trabalho de sucesso sem perder a personalidade é o desafio de muitas bandas. Para a vocalista da banda Reserva 1280, Michelle Rossatto é preciso estar no sistema para poder mudá-lo. “O único jeito de mostrar o teu trabalho é entrar para o mercado com uma música mais comercial e depois que estiver em cima ai sim é mais fácil conseguir as coisas, ir para outro lado.” Filipe Mixirica vê na internet uma forma para driblar a indústria musical. “Hoje em dia a música está muito difundida na internet e de graça e isso é bom. O problema vai ser achar uma música boa no meio de tanta música ruim. Mas mesmo assim tu tens a oportunidade de largar o teu som na rede.”


Música X Drogas

Marcos e Michelle, integrantes da banda
Reserva 1280
Além da dificuldade de divulgar o som para o público, outro obstáculo presente no mundo da música é a busca por inspiração e criatividade. Muitas vezes, essa procura estimula o uso de entorpecentes. A pressão e o dinheiro que envolve o meio artístico acaba abrindo as portas para um universo de prazer e perigo, como afirma Michelle Rossatto. “Rola muita droga, porque tu vai ter dinheiro, muitas portas abertas. O pessoal acaba usando, mas se a pessoa quer seguir em frente vai ter que segurar a onda.” E completa Marcos Buron integrante da mesma banda. “Não tem como manter um nível musical alto usando drogas. O que eles colocam na tv que o "rock star" é um cara drogado isso é mentira. Eles mostram isso para que as pessoas pensem, já que eu não posso ser o “cara”, pelo menos eu vou fazer as mesmas coisas que ele.”
Presente nas letras das músicas, as drogas também expressam a revolta social dos compositores, que questionam a proibição de substancias naturais como à maconha, em contrapartida com a liberação de alucinógenos, também nocivos a saúde como o álcool e o tabaco, assim ressalta Mixirica “A apologia é necessária para questionar as leis que estão ocorrendo. Porque é proibido tu fumar um baseado e não é permitido tu encher a tua cara de cerveja?”


A Música pela Música


Juliano, vocalista da banda Fugitivos do Bar
As bandas independente do estilo estão tentando quebrar conceitos e desenvolver um som autêntico e de qualidade. Exemplo disso são as meninas do Acústico Hashi. Elas expressam a sua musicalidade no nome misturando a batida pesada do rock, com toques orientais e acústicos. “Nós queríamos um som pesado tipo kit, mas eu não consigo gritar com a vocalista do kit, então fizemos um som estilo Pitty, a batera gosta do Metálica, e as meninas tem influência de outras bandas. Essa junção de tudo faz a gente.”
O acústico Hashi é formado só por meninas, e encontra sua maior dificuldade no preconceito de ser mulher, em um ambiente onde os homens ainda são maioria. “Participei de um festival com mais de quarenta bandas e eu era a única mulher. Eu passava e a gurizada ficava rindo e dizendo, mulher não sabe fazer rock roll, esse tipo de coisa dificulta bastante.” Diz Thábata
A banda procura passar uma mensagem pacífica em suas canções, e sonha que um dia suas idéias sejam divulgadas para o mundo.
Os músicos do Reserva 1280 querem resgatar a essência da música mostrando um som, que valorize a melodia sem esquecer da ideologia presente nas letras, como afirma Marcos Buron. “As pessoas esqueceram o que é a música, a música em si, sem modismos, nós queremos resgatar isso .” E completa. “Nossa principal mensagem é para que os homens deixem de se importar tanto com as coisas. E para que as pessoas não se percam em meio há tanta loucura. E sou de Ijui e vim para Porto Alegre com uma idéia e ela sumiu. Nós queremos mostrar essa realidade.”Diz Marcos Buron. Quem dizer saber mais sobre a banda pode acessar o myspace.com/reserva1280.
Inspirados pelas músicas produzidas nos anos oitenta, os meninos do Fugitivos do Bar, procuram executar um trabalho diferente,“Hoje em dia as bandas fazem tudo igual. Nós temos uma linguagem mais anos oitenta, usamos uma guitarra limpa ou só um violão.” afirma o vocalista da banda Juliano Cardoso. A Conduta dos Fugitivos do bar reaviva o espírito revolucionário de gerações anteriores. Como explica Juliano: “Eu tenho um pensamento de que se pode fazer um mundo melhor com uma banda de rock e agente leva esse sonho até onde der.”